Travessia Paraty - Ilhabela

Fizemos todo o nosso planejamento no dia anterior, afinal são 75 milhas até Ilhabela e num veleiro que anda no melhor dos casos a 6 nós... demora muitoo!!!
Dividimos então a viagem em duas etapas, a primeira até a Ilha Anchieta, onde faríamos um pernoite, era a mais longa, em torno de 50 milhas e planejávamos chegar antes de o sol se por...
Acordamos bem cedo, em torno das 4:30 da manhã e aguardamos nossos amigos, o João Eduardo e a Ana Cris (ops Tabira, mudamos o nome para que São Pedro não saiba que é a Ana Cris que está vindo, pois assim o tempo fica bom, rs).
O ônibus deles chegou na rodoviária e eles chegaram de táxi na Marina. Tomamos um belo café da manhã, demos uma volta pela Marina para mostrar o lugar a eles e por volta das 6 da manhã partimos.
Bem, a partir daí várias coisas aconteceram...

O dia estava lindo, sem vento, como sempre, e ficamos tentando fazer a nossa GoPro funcionar com um estabilizador de câmera (nem preciso dizer que não deu certo, incompatibilidade de modelos). Enfim, a Ana Cris trabalha em uma produtora, é uma artista no meio de nós 3 da área de TI, ela queria registrar nossa mudança de quintal...
Navegamos um pouco no motor, quando chegamos em mar aberto abrimos as velas e tudo estava tranquilo,
Até que nos aproximando da Ponta da Juatinga e o vento começou a vir muito contra, tivemos que começar a bordejar muito e o mar estava horrível, muito desencontrado, ondas vindo de todos os lados e chacoalhando a Tinkerbell, até que comecei a não me sentir muito bem...
Fiquei muito, muito mareada mesmo, enjoada demais, vomitei diversas vezes, imprestável eu tive que me recolher, me deitei no sofá e lá fiquei por quase o restante do dia...
Quando tive que ir ao banheiro foi uma tortura, achei que já estava chegando no terceiro estágio do enjoo, rs
- Estágio 1: você acha que vai morrer
- Estágio 2: você quer morrer
- Estágio 3: você se dá conta de que não vai morrer...  hehe (é uma brincadeira sobre os estágios do enjoo em alto mar).
Resumindo, não puder ajudar o André a velejar, não pude dar atenção aos nossos queridos tripulantes, que tiveram que preparar seus próprios lanches, e o André em solidariedade a mim nem quis comer nada... (que lindo)...

Com relação ao vento e mar horrível, não conseguíamos avançar, tivemos que ligar o motor, e andamos no máximo a 4 nós, e por vezes apenas 1... quase parando mesmo... Neste ritmo alucinante conseguimos chegar na Ilha Anchieta por volta das 11 horas da noite, com todos exaustos... Enfim, perto das 9 da noite eu consegui levantar e ir lá fora ficar no cockpit...
Por isso, ajudei na hora de ancorar, neste lugar desconhecido (que nunca havíamos estado antes) vimos luzes (de outros veleiros ancorados) e tentamos nos balizar o máximo possível, usando nossa super lanterna...

Quando ancoramos, servi comidas para todos nós, lanches, pães e embutidos e tomamos suco e citrus. Deixamos nosso equipamento ligado com alerta de ancoragem (ele apita se sairmos daquele raio pré-determinado) e fomos dormir.
O André simplesmente desmaiou de tanto cansaço.

A enseada da Ilha Anchieta é linda, mas assim como já havia alertado o Valdir, esta praia onde ficamos as ondas vem do mar, batem na ilha e voltam, então o barco fica batendo a noite inteira!! Não consegui dormir direito, e quando era umas 5:30 ou 6 da manhã já estava de pé, assustada com o alarme de ancoragem tocando fui correndo verificar. Estava tudo bem, acreditamos que colocamos um raio muito pequeno por isso estava alarmando... Desliguei o alarme e fiquei lá fora contemplando a paisagem.

Queríamos ficar um pouco mais, mas nossos amigos tinham compromissos então partimos para Ilhabela após nosso café da manhã. Hoje eu já estava me sentindo um pouco melhor, mas já tomei um dramim, só por precaução...

O vento estava contra, por causa de uma frente fria (esta Tabira...) e fomos devagar. Tivemos que ligar o motor e diversos pontos do caminho e quando chegamos na ponta das Canas já estávamos felizes! Chegamos a tarde, por volta das 4:30 ou 5 da tarde. Comemos besteirinhas e o João Eduardo e a Cris foram embora correndo e nem aproveitaram nossa cerveja que tínhamos a bordo para comemorar (ou a champanhe que eles trouxeram).
Este é nosso novo quintal! :)

Analisando esta travessia podemos observar a aprender com vários de nossos erros ao velejar em nossa primeira travessia
- Eu devia ter tomado o dramim logo no primeiro dia, de cara, para tentar diminuir o efeito do enjoo
- A performance com o motor ligado foi ruim... depois descobrimos que tínhamos craca em nosso hélice, este item deve ser sempre ser verificado...
- Nunca se deve velejar com o tempo contado... pois caso contrário, vendo como o tempo estava ruim já na Juatinga poderíamos ter voltado até Paraty ou ainda parado bem antes da Ilha Anchieta e nos curado do enjoo para seguir viagem só no dia seguinte.
Enfim, são lições que aprendemos e vamos melhorando! Afinal, foi a primeira!



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